Surgiu em data distante (1861)
Em Porto Alegre, no centro
O homem que no momento
Passa a ser o personagem
A quem dedico a mensagem
Que pretendo apresentar
Na esperança de mostrar
A grandeza de seus feitos
E, também, alguns defeitos
Se porventura encontrar.
Dona Sara Marianna Landell
E, Inácio Ferreira Moura
São as fontes geradoras
Desse garotão esperto
Cujo nome de Roberto
Conforme foi registrado
Veio a ser sacramentado
Também em nossa cidade
Aos dois anos de idade (1863)
Na pia do batizado.
Herdou dos pais, com certeza
Alguns traços definidos
Foi menino extrovertido
Sempre atento às novidades;
Fez o curso de Humanidades (1872/77)
E, seguiu pro Rio de Janeiro
Como estudante e caixeiro
Até que o próprio destino
Quem sabe, um sopro Divino
Veio mudar-lhe o roteiro.
Matriculou-se em Roma
Por indicação da fé (1878)
Sendo perto da Santa Sé
Que estudou Filosofia
E, também, Teologia,
Indispensáveis ao mote
De se tornar sacerdote (1886)
Sem descuidar dos inventos
Um de seus grandes intentos
Desde quando rapazote.
Tinha o gênio desinquieto
De um padre itinerante
Parava só um instante (1887/900)
Em suas várias mudanças
Sendo muitas as andanças
De Porto Alegre a Santana (SP)
Campinas, Santos, Uruguaiana
Como vigário e professor
Cientista e pesquisador
Dedicado à vida humana.
Roberto Landell de Moura
Teve até fama de santo
Havendo alguém, entretanto
Que o considerava “bruxo”
Por afrontar os gaúchos
Com idéias avançadas
E reprimendas ousadas
Ao exigir que as “beatas”
Se mostrassem mais sensatas
Especialmente as casadas.
Os sermões que ele pregava
Calavam fundo na alma
Talvez escritos com a calma
De quem falava com Deus;
Pois, hoje, os cadernos seus
Guardam parte da doutrina
Que essa mente cristalina
Produziu por tantos anos
Ensinando aos paroquianos
A mais cristã disciplina.
A versatilidade do gênio
É clara, não se ignora
Por certo, Nossa Senhora
Deu-lhe amparo e proteção
Quando até a televisão (1904)
Que ninguém falava dela
Mas, ele, “enxergava” a tela
Com detalhes importantes
Mais de vinte anos antes
De abrir-se a grande “janela”.
Em cada lugar que andasse
Despertava curiosidade
Face à extrema habilidade
De lidar com coisa estranha
Sendo várias as façanhas
No campo do Espiritismo
E, também do Hipnotismo
Onde fez experimentos
No seu tempo, “divertimento”
Impróprio ao catolicismo.
Com cabeça prodigiosa
Sempre cheia de projetos
Catava alguns objetos
Pros engenhos que montava
Ou então os fabricava
Em serões artesanais
Recolhendo os materiais
Como foram imaginados
Sem esquecer os cuidados
Das funções sacerdotais.
Resultou de seu trabalho
Para nosso maior gáudio
A grande invenção do rádio (1893)
Do qual é pai, é razão
Pois qualquer comunicação
Por onda hertziana
Lembra o padre e nos ufana
Muito embora seu rival (Marconi)
Pelo descaso oficial
Tenha ficado com a fama.
Fez a grande prova no ar (1899)
Da transmissão à distância
Com a devida relevância
Que o fato em si requeria
Demonstrando a telefonia
Sem o uso de algum fio
Sendo esse um desafio
Reconhecido na imprensa
Que lhe deu a recompensa
Num merecido elogio. (1900)
O ensaio foi divulgado
E, por muita gente visto
Mas só teve oficial registro
Depois de grande labuta
Ao enfrentar nova luta
Na forma de seu perfil
Pra conseguir no Brasil (1901)
A patente do aparato
Que transmitia de fato
Algum som, mesmo sutil.
Nosso ilustre conterrâneo
Que é gaúcho e brasileiro
É o patrono verdadeiro
Dos que amam seus inventos
E propagam aos quatro ventos
Com orgulho e com louvor
Que um bom radioamador
Serve sempre à sociedade
Por sua livre vontade
Sem nunca esperar favor.
Finalmente reconhecido
Depois de alguns desenganos
Recebeu dos americanos
Três patentes de inventor (1904)
Atestando que o transmissor
E o telefone sem fio
São obras do seu feitio
Que se somam à primazia
De fazer da telegrafia
Um complemento do trio.
Perdão, ilustre pastor,
Pela simplória abordagem,
Que a título de homenagem,
Quis colocar no papel,
Mas, foi tarefa cruel,
Diante da vossa estatura;
Pois, confesso, com lisura,
E com todo meu respeito,
Que pra alcançar seus feitos,
Preciso ter mais altura.
Antonio Luiz de Oliveira/out/2004
py3al@ig.com.br
Obs: estes versos tem por base a obra “Brasileiro, Gaúcho, Um Gênio Diferente: Landell de Moura”, escrita pelo radioamador – PY3 IDR – Ivan Dorneles Rodrigues, apaixonado pesquisador e estudioso da vida e obra desse notável religioso, cientista e inventor, chamado ROBERTO LANDELL DE MOURA.