sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Baú de Memórias

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Velho baú de memórias
Recheado de histórias
Tão antigas quanto o dono
Mas, também, ao abandono
Tem hoje a mesma desdita
E alguns dilemas cruéis
Por não dispor dos papéis
Aonde foram escritas.

Ambos fechados por dentro
Constituem o epicentro
De discussões muito duras:
Pois, um tem a fechadura
Completamente emperrada
E, o outro, de tanto uso
Mais parece um parafuso
Com a cabeça enferrujada.

Se não contas, não te conto
É este mesmo o confronto
Num desfilar de lamentos
Entre dois velhos birrentos
Que já perderam a esperança:
Só falam se perguntados
Ou, então, ficam calados
Enquanto a idade avança.

O registro, às vezes, some
Ao precisarem do nome
De um amigo ou conhecido
Confessando, desenxabidos:
Desculpa, me deu “um branco”
Pois, quase ao final da estória
Em geral, volta a memória
De novo, a pegar no tranco.

E, assim, vão levando a vida
Nesse andar de despedida
De um mundo sem piedade
Onde a tal “melhor idade”
Não passa de uma falácia
Talvez, um termo jocoso
Pra não dizer que o idoso
É um “amante da farmácia”.

A.L.Oliveira/set/2008
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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Felicidade

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Sou feliz, abençoado,
Contente por ter ao lado
As coisas lindas da vida,
Dentre elas, mais querida,
A namorada, a parceira
Que, comigo, a vida inteira,
Vem exaltando a beleza,
O carinho, e, o afeto
Com que o Grande Arquiteto,
Construiu a natureza.

Nosso rancho é na coxilha,
Feito à beira de uma trilha
Que serpenteia na mata,
Pra nos levar à cascata
Onde ocorre noite e dia,
Um festival da poesia
Jamais escrita em papel;
Pois, ali, até as mágoas,
No cantar daquelas águas,
Também brincam de “rappel”.

Bem ao longe, no horizonte,
Brilha cedo a grande fonte
De energia dos pagos,
Pra refletir-se no lago,
Que é manancial importante,
No qual as aves migrantes
Vêm acampar no entorno;
Onde aquelas lá do Norte,
Encontram alimento forte,
Pra viagem de retorno.

À noite, vemos no campo,
Vasto mar de pirilampos
A bailar de forma arisca,
Brincando de pisca-pisca,
Ou, talvez, de apaga, apaga,
Numa seqüência que afaga
Mesmo a alma empedernida,
Que viu tudo e não viu nada,
Nessa longa caminhada
Pelas estradas da vida.

A.L.Oliveira/jul/2007
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sábado, 13 de agosto de 2011

Projeto Funarte

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Estamos divulgando abaixo, com satisfação, o vídeo produzido pela Funarte (Fundação Nacional de Artes/Ministério da Cultura) do Governo Federal, mostrando aspectos do trabalho apresentado por nossa querida neta Felícia, com referência ao Projeto de Contação de Histórias do Arco da Velha, dirigido especialmente ao público infantil. Seu trabalho vem sendo encenado em várias cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e do Ceará, contando com aprovação e patrocínio da Funarte. Parabéns, Felícia.



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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Desesperança

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"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto" (Ruy Barbosa, 1914)


Num discurso magistral
Há mais de noventa anos
Vislumbrava esse baiano
Grande orador e jurista
O começo de uma lista
Que hoje cresce demais
Sem respeito aos tribunais
Nem aos “nobres” deputados
Cujo rol, dos mais ativos
Traz gente do Executivo
E, do “austero” Senado.

A matéria é recorrente
Embora muito antiquada
Pois, volta atualizada
Numa previsão profética
Sendo a tal falta de ética
Nos escalões superiores
O principal dos fatores
Para o motivo funesto
De levar o homem honrado
A tornar-se um revoltado
Por conta de ser honesto.

Não havendo dignidade
Nem referência aos valores
Vai perdendo seus pudores
Pra conservar as virtudes
Que as trouxe da juventude
Carregadas como herança
Pois, chega à desesperança
Ao ver tantos desenganos
Sem falar no “mar de lama”
Que transborda e se derrama
Num verdadeiro oceano.


A.L.Oliveira/jul/2007
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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Envolvimento e Compromisso

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A cultura de almanaque
Que dizem ser de araque
E pouco nos acrescente
Mostra uma tese recente
De brincadeira, é verdade
Explorando a profundidade
De um terreno movediço
Ao falar do envolvimento
Tão em voga no momento
Comparado ao compromisso

Quando apenas se envolve
Quase tudo alguém resolve
Só por presença ou trabalho
Como a carta do baralho
Que após jogo ou brincadeira
Volta ao lugar sempre inteira
Igualzinha ao próprio início;
Já no comprometimento
Haverá certo momento
Que demanda sacrifício

Como exemplo do conjunto
Cita os ovos com presunto
Prato à moda brasileira
Feito sempre da maneira
Que todo mundo conhece
No qual vemos que aparece
Além do grande capricho
A visão clara demais
Dos produtos essenciais
Fornecidos por dois bichos

Nele temos a galinha
Que se envolve ali sozinha
Para a feitura do prato
Num esforço meio ingrato
Mas sem perder uma pena
Pois termina em cantilena
Sua parte no assunto:
Enquanto o comprometido
Pobre porco, o mais sofrido
Precisa virar defunto

A.L.Oliveira/mar/2008

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cadê A Nossa Grana

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Descubro um tema esquecido lá no fundo do intelecto
Referente a um objeto, tanto bom quanto sinistro
Que desde os tempos de Cristo move a ambição humana:
Quem tem bastante quer mais e quem não tem corre atrás
Numa disputa insana

Velho amigo, inseparável, da maldita corrupção
Coloca irmão contra irmão, os filhos brigam com os pais
Separa, às vezes, casais, e, não escolhe parceiro
Pois, até o Grande Mestre, em sua andança terrestre
Foi traído por dinheiro

Ocupavam-se os romanos do império e do comércio
Utilizando o Sestércio (269 ªC), moeda feita de cobre
Cuja valia era pobre se comparada ao Denário (190 ªC)
Esta sim com estrutura, cunhada em prata bem pura
De valor extraordinário

Aqui nesta amada pátria, lá em séculos passados (1580)
Nós já tivemos Cruzados, e, mesmo até o Real
Herdados de Portugal (1435) com todas suas frações:
Vinte réis eram um Vintém, e cem réis nos lembram bem
Os valiosos Tostões

A moeda e seus valores se mantiveram fiéis
E se chamava Mil-réis (1822) a unidade inteira
Da moeda brasileira de maior longevidade:
Tinha prata nos Patacões e tinha ouro nos Dobrões
Com boa estabilidade

Perdurou por longa data até chegar o Cruzeiro (1942)
Desejado companheiro daquele tempo risonho
Que alimentou nosso sonho de riqueza e de virtude:
Onde a moeda faltava, mas, a ambição sobrava
Na força da juventude

Após vinte e cinco anos, para alegria do povo
Surgiu o Cruzeiro Novo (1967), reforçado, a toda prova
Depois da tremenda sova que levou da inflação:
Mas ela, sempre à espreita, voltou à primeira feita
Tomando as rédeas na mão

Seu crescimento e saúde fez ressurgir o Cruzeiro (1970)
Valente, todo faceiro, para agüentar quinze anos:
Pois diante dos desenganos, e, da falta de atributos
Deu um tempo, caiu fora, passando a esperar a hora
De um novo substituto

A ciranda inflacionária girava em velocidade
Trazendo a necessidade da reinvenção do Cruzado (1986)
Pra ser um soco bem dado nos flancos da inflação:
Mas, o susto foi do povo, pois nem o Cruzado Novo (1989)
Botou a “fera” no chão

Um caçador de marajás, famoso, grande esperança
Cassou foi nossa poupança, e, ressuscitou o Cruzeiro (1990)
Prevendo um tiro certeiro no peito da inflação:
Mas, ele é quem foi cassado, pois abrigava a seu lado
O pai da corrupção

Chamaram o Cruzeiro Real (1993), vindo pra matar a “bruta”
Muita gente entrou na luta, num magistral fuzuê:
Veio a tal U.R.V. *, cujo valor variava (1994)
Pra cortar de modo austero a quantidade de zeros
Com que a cifra já contava

Dando marcha à ré no tempo (1435), foram buscar o Real (l994)
Quando nosso “vil metal”, sem qualquer “maracutaia”
Enfrentou na mesma raia o "verdinho" americano:
A corrida foi parelha, era orelha com orelha
P’ra não dizer mano-a-mano

Mas alegria de pobre, de fato, sempre é fugaz
Não tendo ninguém capaz de torná-la permanente
Por isso mesmo que a gente como a melhor testemunha
Sente agora, de antemão, que a perniciosa inflação
Novamente mostra as unhas

O dinheiro não ser tudo e nem trazer felicidade
É desculpa, na verdade, de quem está longe dele
Pois triste será aquele que se tornar deserdado:
As amizades se afastam e as lembranças lhe bastam
Dos tempos de abonado

Já dispensamos Centavos, num evidente sinal
De que nosso bom Real já não é tão respeitado
E precisa ser prestigiado para alegria do povo:
Pois, se assim continuar, talvez não vá demorar
A surgir um Real Novo

(*) = unidade real de valor

A.L.Oliveira/abr/2011

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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Velocidade do Tempo

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O tempo, coisa engraçada
Às vezes, parece um nada
Mas em outras, no entanto
Chega até causar espanto
Seu vagaroso escoar

Ocorre certo momento
Em que a lentidão do tempo
É quase uma eternidade
Face à nossa ansiedade
Pra ver um mal terminar

Enquanto nas ocasiões
Em que as boas emoções
Mantêm a esperança acesa
Nem se percebe a lerdeza
No modo de caminhar

A diferença é mais viva
No futebol, na esportiva
Conforme marca o placar:
Se pende pro nosso lado
Queremos ver terminado
Bem antes de acabar

Porém, se o caso é contrário
Tornando as chances pequenas
Desejamos que o horário
Aumente um minuto, apenas
Nem que seja pra empatar

Na vida é bem semelhante
Tem uma idade importante
Que custa muito a chegar;
Quando a tal menoridade
É quase uma infinidade
Sem prazo pra terminar

Depois disso, companheiro
Os ciclos correm ligeiros
Até depressa demais
E vão deixando sinais
Que nem preciso lembrar
Pois a grande velocidade
Com que passam, na verdade
Nem se pode mensurar.

A.L.Oliveira/ago/2008
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sexta-feira, 25 de março de 2011

Meliponas

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São abelhinhas silvestres
Que cobrem o globo terrestre
Com a doçura do mel
Cumprindo, ainda, um papel
Da mais alta relevância
Tendo em vista a importância
De sua nobre missão
Pois quando pousam na flor
Resulta de seu labor
Um bem pra vegetação.

São de extrema mansidão
Bem pequenas, sem ferrão
E levam o pólen da vida
Às flores, que, agradecidas
Respondem a esse atributo
Produzindo melhor fruto
Boas sementes e grãos
Pra que sejam replantados
Ou, ainda, aproveitados
Em nossa alimentação.

São tantas as variedades
E muitas as qualidades
Desses bichinhos alados
Frequentemente encontrados
Até na cidade grande
Pela fama que se expande
Face à própria credencial:
Pois, há gente que garante
Que seu mel, como adoçante
Tem valor medicinal.

As cores são bem distintas
Algumas, pretas, retintas
Como a asa da graúna
Principalmente as tubunas
Que se destacam entre elas
Das jataís, amarelas
E de outras, diferenciadas
Embora da mesma laia:
Pois, jandaíras, mandaçaias
São maiores e douradas.


A.L.Oliveira/out/2009

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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Além do Além

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Numa noite de lua cheia
Por volta de três e meia
Horário da madrugada
Dormindo em minha morada
Sonhei ter desencarnado
Mas, algo me intrigava
Quando um gaiato, falava
Olhando o céu, assustado:

Como diz o velho ditado
Tá mesmo o mundo virado
E não tem mais compostura
Ao permitir que a figura
De qualquer alma penada
Ande aí fora de prumo
Completamente sem rumo
Voando desajeitada.

Enquanto planava, à toa
Nas alturas, numa boa
Contemplava a natureza
Na mais completa leveza
Do corpo sem consistência:
Pois fantasma, mesmo obeso
Não dispõe de qualquer peso
Nem mesmo na consciência.

Acordei logo em seguida
Dando graças pela vida
Muito embora em sobressalto
Pois a visão lá do alto
Só traz saudades do chão
Pra quem não é passarinho
E não sabe voar sozinho
Nem mesmo de avião.

Agradeço ao Onipotente
Por estar aqui presente
Enquanto faço meus versos
Pois o Rei do Universo
Com tanta coisa a fazer
Encontra sempre algum jeito
De acompanhar um sujeito
Que mal consegue escrever.

A.L.Oliveira/mar/2008

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Repassando Mensagens

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Meu prezado internauta
Bom colega e bom amigo
Reflita um pouco consigo
Ao repassar as mensagens
Por vezes, simples bobagens
Que nem merecem ser lidas
Muito menos remetidas
A quem lhe preza e quer bem;
E que já pautou a vida
Num modo de ser vivida
Na forma que lhe convém

Não sei se certo ou errado
Mas é o que sempre faço
Ao receber calhamaços
De certas advertências
Vou direto à procedência
A que se refere o fato
Pra ver se aquilo é boato
Ou tem fundo de verdade;
Mas, geralmente, acontece
Que o tal assunto carece
De alguma autenticidade

Confiemos, desconfiando
Daquilo que recebemos
Pois muitas vezes não vemos
As grosseiras pegadinhas
Por dentro das entrelinhas
De pregações religiosas
Ou de curas milagrosas
Que circulam aos quatro ventos;
Pois, se tivermos paciência
Vamos ver que a ciência
Nem teve conhecimento

Também deleto sem culpa
Toda mensagem inventada
Por pessoas desocupadas
Que não medem a agressão
De impor-me a obrigação
De repassar tais correntes
Pra importunar os viventes
Que tem mais o que fazer
E, tampouco, querem ler
Qualquer missiva insolente

Ao finalizar a prosa
E mandar o meu abraço
Outra sugestão que faço
Num dever de lealdade
Preservando a privacidade
Dos que tenho tanto apreço
É que retirem endereços
Do rol de certas mensagens
E, coloquem os destinatários
Ocultos (cco) nos formulários
Da sua nova postagem

A.L.Oliveira\mar\2010

"OBS: Quando repassar qualquer mensagem, por favor:
I. Apague o e-mail de quem lhe mandou, os nomes e demais endereços se existentes, antes de reenviar;
II. Encaminhe aos destinatários sempre como cópia oculta (Cco);
III. Nunca coloque endereços na linha PARA;
Se assim agirmos estaremos dificultando a disseminação desenfreada de vírus, spams e banners que infestam a internet"

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo

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Imaginando essa vida
Como se fosse a corrida
Em busca de uma medalha
E a cada ano a batalha
Que pretendemos vencer;
Vamos partir e correr
Agora em dois mil e onze...

Para encontrar o tesouro
Pois, se não acharmos de ouro
Que seja de prata ou bronze.

Que o Sublime Treinador
Nos dê a força e o vigor
Do time dos vencedores.

E, mais ainda, os favores
Da paz, saúde e respeito
Na mais ampla sintonia
Com a beleza da harmonia
De um mundo justo e perfeito.

A.L.Oliveira/dez/2010
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