sexta-feira, 30 de julho de 2010

Singela Homenagem

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Rememoro nestes versos de pura simplicidade
O registro da saudade de uma eminente figura
Que faz parte da cultura e do mapa da Capital
Pela forma magistral como expressou seu amor
Ao falar do esplendor das avenidas e praças
O que fazia com graça, por vezes, com ironia
Percebendo poesia em cada rua ou esquina
Na verdadeira rotina, de andar em caminhadas
Geralmente, encetadas, a qualquer hora do dia.

Aqui viveu esse moço, procedente do interior
Que se tornou escritor do porte mais elevado
Um poeta respeitado pela força de sua pena
Que deslizava serena ao imprimir no papel
Seu pensamento fiel, capacitado, eficaz
Não raro, até mordaz, ao fazer de coisa séria
Desde a gostosa pilhéria, até um texto erudito
Que logo seria escrito na revista ou no jornal
Editado, ao final, como sisuda matéria.

Deixou a terra natal, quando ainda era menino
O rapazote franzino, que veio seguindo a trilha
Traçada pela família, bem longe, no Alegrete
E, aqui se fez ginete, um domador das palavras
Saindo da sua lavra, tantos livros, tantas glórias
Integrantes da história desta querida cidade
Que teve a felicidade de hospedar o contista
O escritor e jornalista mais amado dos leitores
Aprovado, com louvores, pela sensibilidade.

Falei de Mário Quintana, poeta de nascimento
Que usou do seu talento, um dom da sabedoria
Criando no dia-a-dia sempre um motivo a mais
Pra leitura dos jornais se tornar mais atrativa
Pela forma criativa com que descreveu a vida;
Mesmo, após a despedida, sua obra é o cenário
Do primeiro centenário, comemorado este ano
Lembrando quão soberano, didático e profundo
Foi o que legou ao mundo, o poeta legendário.


A.L.Oliveira/ago/2006
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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Passeando pelos Pampas

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Amigos e companheiros, alguns que nem sei o nome
Vou servir de cicerone pra lhes mostrar o Rio Grande
Que por onde a gente ande, carrega sempre no peito
Com carinho e reverência, pois o mapa da querência
Merece o maior respeito.

Pra quem sai de Porto Alegre, com destino ao litoral
Toma o norte da capital, passando por Santo Antonio
A bela terra dos sonhos, do melado e da rapadura
Do arroz, dos canaviais, e de tantos produtos mais
Provindos da agricultura.

Tem outro artigo famoso, que se tornou conhecido
Pela forma que é produzido nos recantos dessa praça
Pois me refiro à cachaça, a qual se tira o chapéu;
Constando que a tal “marvada”, só aqui é destilada
Com o azul do próprio céu.

O mar, adiante de Osório, é o maior “açude” daqui
Vai de Torres ao Chui e pro Uruguai se expande
Passa o porto de Rio Grande, na mais antiga cidade;
Sendo hoje a capital da grande indústria naval
Em franca prosperidade.

No roteiro está Pelotas, que é do sul nossa princesa
Pois aqui tem as belezas de uma cidade importante
Gente culta e elegante, muito trabalho e progresso;
Faz do doce um Festival, além de ser manancial
De cultura e de sucesso.

O pernoite é aqui mesmo, pra bem cedo ir a Bagé
Onde espera um bom café, na Rainha da Fronteira
Servido à moda campeira na entrada de um galpão;
Depois, nossa caravana, vai direto pra Santana
Na divisa da nação.

Aqui termina o Uruguai e começa o nosso Brasil
Numa divisa sutil, às vezes, nem percebida
Pois somente uma avenida separa as duas cidades;
Fazendo com que Rivera, e, a Santana, brasileira
Sejam a mesma comunidade.

Uruguaiana é bem longe, como afirma um cancioneiro
Mas, não temas, companheiro, solte as rédeas do cavalo
E vá levando no embalo, conforme diz o ginete;
Pois, se já chegou aqui, vá também a Quaraí
Bem pertinho do Alegrete.

Nessa vastidão enorme em que a pátria brasileira
Acompanha nossa fronteira daqui até as Missões
Se conservam as tradições do povo bom missioneiro
Cantadas de Sul a Norte, onde acharemos, com sorte
Um fandango galponeiro.

Avistando o Alto Uruguai, dê mais rédeas ao seu pingo
Pois é dia de domingo e não há qualquer perigo;
Veja a soja, veja o trigo, nessa amplidão sem fim;
Isto aqui é outro mundo, pra quem sai de Passo Fundo
Em direção a Erechim.

A cidade é majestosa, com prédios pra todo lado
Traz o progresso estampado do povo que tanto ama;
Logo adiante está Gaurama, vamos chegar de inopino
Nos potentes mananciais das ricas fontes termais
Das águas de Marcelino.

Grande rio marca a divisa com o estado catarinense
Mas ainda nos pertence uma enorme superfície
Que não é mais a planície dos campos, da pradaria;
Mas, é terra fértil e boa, pois estamos em Lagoa
Pertinho de Vacaria.

Logo ali, Cima da Serra, faça a busca do seu pala
Tire o casaco da mala, que a temperatura é baixa
E, às vezes, muda de faixa, pra cair de modo brusco;
Lembrando um dito pitoresco, do linguajar gauchesco
Sendo um "frio de renguear cusco”.

Vacaria, Bom Jesus e São José dos Ausentes
Tem levado muita gente pra conhecer as nevadas
Ou então a grande geada, de extasiar o turista;
Tem também muita labuta, grande plantação de frutas
Maçãs a perder de vista.

Perto estão os Aparados e o “canyon” de Cambará
Que por certo lembrará, pelo tamanho e beleza
O que as forças da natureza colocaram lado a lado
Sendo o marco mais profundo, talvez o maior do mundo
A dividir dois Estados.

Vamos pegar a estrada, São Chico está no caminho
E se houver um tempinho comeremos seu pinhão
E quem sabe, um chimarrão, pra esquentar o pescoço
Ou, se quiser, nada faça, enquanto o churrasco assa
De carne gorda e sem osso

Que tal um pulo a Caxias, chegar na Festa da Uva
Que mesmo em dia de chuva vale a pena uma visita
Pra ver a fruta bonita com que se faz o bom vinho
Ver seu desfile crescente que reúne anualmente
Os municípios vizinhos.

Agora, vamos em frente, para os lados de Gramado
O tempo é enfarruscado, mas não há maior problema
No Festival do Cinema, um de seus grandes tesouros
Que é latino-americano, onde o melhor filme do ano
Ganha o “kikito” de ouro.

Nossa andança imaginária termina em Santa Maria
Quando encerra a romaria, no centro universitário
No qual há um santuário dedicado à Medianeira;
Rogando à Mãe Celestial, uma bênção especial,
Para a nação brasileira


Antonio Luiz de Oliveira/ago/2004

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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Bom Senso

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Disse um mestre, certo dia
Que a grande sabedoria
De qualquer homem sensato
É nunca espalhar um fato
Que lhe contaram de alguém
Sem antes meditar bem
Pra filtrar na consciência
Passando por três peneiras
Onde estarão as maneiras
De medir as conseqüências.

Na primeira, a da Verdade
Haverá oportunidade
De um exame caprichado
Pra saber se o propagado
Tem origem e consistência
Que preencha a exigência
De seu próprio pensamento:
Pois se vazar nessa malha
Certamente quem espalha
Vai ter aborrecimentos.

Da Bondade é a segunda
Onde o teste se aprofunda
Em trama um pouco mais fina
Quando ali mesmo termina
Caso escorra em orifícios
Que mostrem existir indícios
De disfarçada maldade;
Sendo assim, ficar calado
Além de bom pros dois lados
Também será caridade.

A terceira, da Utilidade
Quer saber da necessidade
De divulgar-se a matéria
Talvez, grosseira pilhéria
Que não agrada aos presentes
Nem, tampouco aos agentes
Que se aponta na ocasião;
Pois, se verteu na primeira
Na segunda, e, na terceira
Merece é sumir no chão.

A.L.Oliveira/nov/2007
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