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Descubro um tema esquecido lá no fundo do intelecto
Referente a um objeto, tanto bom quanto sinistro
Que desde os tempos de Cristo move a ambição humana:
Quem tem bastante quer mais e quem não tem corre atrás
Numa disputa insana
Velho amigo, inseparável, da maldita corrupção
Coloca irmão contra irmão, os filhos brigam com os pais
Separa, às vezes, casais, e, não escolhe parceiro
Pois, até o Grande Mestre, em sua andança terrestre
Foi traído por dinheiro
Ocupavam-se os romanos do império e do comércio
Utilizando o Sestércio (269 ªC), moeda feita de cobre
Cuja valia era pobre se comparada ao Denário (190 ªC)
Esta sim com estrutura, cunhada em prata bem pura
De valor extraordinário
Aqui nesta amada pátria, lá em séculos passados (1580)
Nós já tivemos Cruzados, e, mesmo até o Real
Herdados de Portugal (1435) com todas suas frações:
Vinte réis eram um Vintém, e cem réis nos lembram bem
Os valiosos Tostões
A moeda e seus valores se mantiveram fiéis
E se chamava Mil-réis (1822) a unidade inteira
Da moeda brasileira de maior longevidade:
Tinha prata nos Patacões e tinha ouro nos Dobrões
Com boa estabilidade
Perdurou por longa data até chegar o Cruzeiro (1942)
Desejado companheiro daquele tempo risonho
Que alimentou nosso sonho de riqueza e de virtude:
Onde a moeda faltava, mas, a ambição sobrava
Na força da juventude
Após vinte e cinco anos, para alegria do povo
Surgiu o Cruzeiro Novo (1967), reforçado, a toda prova
Depois da tremenda sova que levou da inflação:
Mas ela, sempre à espreita, voltou à primeira feita
Tomando as rédeas na mão
Seu crescimento e saúde fez ressurgir o Cruzeiro (1970)
Valente, todo faceiro, para agüentar quinze anos:
Pois diante dos desenganos, e, da falta de atributos
Deu um tempo, caiu fora, passando a esperar a hora
De um novo substituto
A ciranda inflacionária girava em velocidade
Trazendo a necessidade da reinvenção do Cruzado (1986)
Pra ser um soco bem dado nos flancos da inflação:
Mas, o susto foi do povo, pois nem o Cruzado Novo (1989)
Botou a “fera” no chão
Um caçador de marajás, famoso, grande esperança
Cassou foi nossa poupança, e, ressuscitou o Cruzeiro (1990)
Prevendo um tiro certeiro no peito da inflação:
Mas, ele é quem foi cassado, pois abrigava a seu lado
O pai da corrupção
Chamaram o Cruzeiro Real (1993), vindo pra matar a “bruta”
Muita gente entrou na luta, num magistral fuzuê:
Veio a tal U.R.V. *, cujo valor variava (1994)
Pra cortar de modo austero a quantidade de zeros
Com que a cifra já contava
Dando marcha à ré no tempo (1435), foram buscar o Real (l994)
Quando nosso “vil metal”, sem qualquer “maracutaia”
Enfrentou na mesma raia o "verdinho" americano:
A corrida foi parelha, era orelha com orelha
P’ra não dizer mano-a-mano
Mas alegria de pobre, de fato, sempre é fugaz
Não tendo ninguém capaz de torná-la permanente
Por isso mesmo que a gente como a melhor testemunha
Sente agora, de antemão, que a perniciosa inflação
Novamente mostra as unhas
O dinheiro não ser tudo e nem trazer felicidade
É desculpa, na verdade, de quem está longe dele
Pois triste será aquele que se tornar deserdado:
As amizades se afastam e as lembranças lhe bastam
Dos tempos de abonado
Já dispensamos Centavos, num evidente sinal
De que nosso bom Real já não é tão respeitado
E precisa ser prestigiado para alegria do povo:
Pois, se assim continuar, talvez não vá demorar
A surgir um Real Novo
(*) = unidade real de valor
A.L.Oliveira/abr/2011
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quarta-feira, 18 de maio de 2011
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