-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o
Adormeci, sonhei ser poeta
mas, sem musa nem assunto
pois não vinha no bestunto
qualquer coisa aproveitável
foi então que achei viável
pra sair dessa enrascada
versejar sem dizer nada
riscando a esmo um papel
sem ter lápis ou pincel
nem mesmo a cor desejada.
Enquanto não vinha o mote
Buscava mil devaneios
que desprezava, eram feios
por fugazes, e, abstratos
tal e qual fossem retratos
desfocados, cuja imagem
vista apenas de passagem
com a rapidez de um raio
e, quase sempre, de soslaio
não passavam de miragens.
Busco então velhos arquivos
lá do fundo da memória
a procura de uma estória
guardada nalgum cantinho
quem sabe, certo escaninho
em desuso, anos a fio
vou direto, sem desvio
esperançoso, com certeza
mas tenho a grande surpresa
de encontrá-lo vazio.
Resta agora tão somente
depois do sonho acabado
lembrar de um velho ditado
na falta de outra saída
e partir pra despedida
com um sorriso amarelo
sincero, humilde, singelo
embora bem verdadeiro
“quem nasceu pra sapateiro
não vai além do chinelo”.
Antonio Luiz de Oliveira – jun/2005
-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)